Mandu Ladino: herói indígena será tema de filme

, em Destaques
alt

 

     alt

      O Brasil está prestes a conhecer a história de um herói injustiçado. Lançado  em 2006, e já na 2ª edição,  o livro Mandu Ladino, de autoria do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado(TCE-PI), Anfrísio Lobão Castelo Branco, será roteirizado para o Cinema,pela produtora do ator Paulo Betti. O fillme revelará um personagem piauiense, que, entre os séculos XVII e XVIII, lutou contra a colonização branca que o transformou num “índio manso” foi escravo de fazendeiros, tornou-se líder e morreu, em 1716, como guerreiro , no Porto das Barcas, em Parnaíba.
“A história do Mandu sempre me chamou a atenção, desde a escola primária, quando ele era apresentado como  um índio perigoso,um matador de brancos”. Minha pesquisa me levou à real trajetória dele. “Na visão dos brancos, Mandu Ladino foi  um índio assassino, que causou grandes prejuízos em vidas e bens aos colonizadores de então. Esta é a história dos vencedores”, escreveu o autor no prefácio. “Ocorre que, se olharmos a ótima dos nativos, os vencidos, o que vamos ter diante de nós é um personagem épico, heróico, vulto incomparável em sagacidade e destemor”, afirma. Mandu Ladino, cujo sobrenome significa ( esperto) foi criado numa aldeia missionária de padres capuchinhos, provavelmente na Paraíba ou Pernambuco. Naquela  época, os “colonizadores” causavam terror às tribos. Os homens eram mortos, as mulheres aprisionadas para serem escravas,inclusive sexuais, e as crianças, eram retiradas das aldeias e levadas para  as missões católicas. 
      Após passar a infância entre os padres, ao completar  14 anos de idade, Mandu  teria fugido da Missão vindo para o  Piauí, para as  imediações do município de Alto Longá.Ao chegar,  foi aprisionado, passando a trabalhar como escravo-fazendeiro, até que escapou, durante um ataque de índios selvagens à  Fazenda. A fuga terminou na tribo dos Aranis, onde Mandu mostrou sua liderança e tornou-se cacique.  Começava o período, que deu a ele, a fama de aterrorizar os brancos. Promoveu revoltas contra colonos e fazendeiros que tentavam se apoderar  das terras que compreendiam as margens do Longá e baixo Parnaíba, na região norte do estado.
     O que faz de Mandu Ladino um personagem complexo é que, seus ideais são nobres,como os de todos os heróis. “Ele lutou bravamente contras os invasores de sua terra e pela liberdade de sua gente”, até morrer, no Porto das Barcas, em Parnaíba.
     A publicação, que mescla romance e resgate histórico, é fruto de sete anos de pesquisas, desenvolvida entre 1999 e 2006. O trabalho é um importante resgate da história do extermínio indígena no Piauí, uma temática que não é abordada nas escolas e está restrita, apenas, aos historiadores e pesquisadores. A popularização, através do Cinema, será uma boa oportunidade para  divulgar o trabalho.

alt

Anfrísio Lobão cedeu os direitos autorais e deve participar da  elaboração do roteiro, como colaborador. Os produtores, além de Paulo Betti, a filha dele, a diretora Mariana Betti, já visitaram locações em Sete Cidades, Delta do Parnaíba e as Fazendas de Campo Maior. A produção está na fase de captação de recursos.
     Para o autor, apesar da devastação das tribos indígenas, a tradição da raça ainda é muito forte no estado. Objetos, alimentos e até expressões do vocabulário piauiense permanecem incorporadas ao nosso dia a dia. Alguns exemplos são a abóbora e o milho, palavras como “cunhã” (mulher) e hábitos, como a rede. “Eu mesmo prefiro dormir de rede. Quando viajo, é sempre uma dificuldade enfrentar a cama no hotel”, conta o conselheiro.